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CA SUSTENTÁVEL
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
A caminho de 20 anos de actividade, a
APPDA – Açores orgulha-se de diferen-tes
momentos que correspondem a ver-dadeiros
marcos de um percurso em que
os seus Dirigentes e Associados fazem
questão de destacar “o estabelecimen-to
de uma valência de ATL Centro de
Actividades de Tempos Livres na Rua
Francisco Arruda Furtado, em Ponta
Delgada; o lançamento de uma dupla
infra-estrutura ATL e CAO Centro de
Actividades Ocupacionais na Rua Frei
Manuel, na mesma cidade, e posterior
aquisição do edifício”. Marcante foi
também a parceria entretanto firmada
com outra IPSS, mediante a qual foi via-bilizada
a utilização do Edifício do Pico
Salomão, igualmente na capital da Ilha
de São Miguel, com a intenção de nele
estabelecer um CAO, ficando a valência
ATL nas actuais instalações da Rua Frei
Manuel. A primeira pedra foi colocada
no dia 21 de Novembro de 2019. “Espe-ramos
que as obras fiquem concluídas
precisamente dois anos depois, ou seja,
no mesmo mês do corrente 2021”, con-ta-
nos Maria de Fátima Bicudo Marques.
No plano das mensagens-chave que vêm
sendo passadas junto do universo espe-cífico
de actuação da APPDA – Açores, a
presidente da Direcção diz que, acima de
tudo e em primeiro lugar, convirá escla-recer
que “o autismo não é uma doen-ça,
pelo menos no sentido tradicional
do termo, mas uma disfunção global do
desenvolvimento de uma pessoa, que
afecta a sua comunicação e socializa-ção”.
É muito importante que a socieda-de
se dê conta da presença dos autistas,
que são pessoas como as outras, no
sentido de que, como toda a gente, “têm
necessidades materiais e afectivas, pre-cisam
de amor e carinho, com o mesmo
direito inquestionável a uma vida rica
e com significado”. É essencial que os
autistas sejam vistos “sem estranheza e
aceites sem reservas, o que é mais difícil
do que parece à primeira vista”. Maria de
Fátima Bicudo Marques é categórica ao
afirmar que qualquer pessoa será sus-ceptível
de ter receio do desconhecido
e daquilo que é diferente. “Normal e atá-vico,
inerente à natureza humana, esse
sentimento é, por isso mesmo, difícil de
combater. Mas, somos todos filhos de
Deus ou, para quem não acredite, somos
todos cidadãos da cidade dos homens,
ganhamos com o concurso de todos e,
por isso, a diversidade enriquece-nos”. E
toca bem no fundo da questão, ao exor-tar
as pessoas: “era bom que passassem
a tratar os autistas como gostariam de
ser tratadas, caso estivessem no seu lu-gar.
Temos a certeza de que, no dia em
que isso acontecer, o mundo será sem
dúvida muito melhor”. Do ponto de vis-ta
da “integração abstracta”, como gos-ta
de dizer, a presidente da Direcção da
APPDA – Açores adianta que esta IPSS
tem tentado dar alguma “visibilidade
aos autistas”. O que passa pela organi-zação
de vários eventos, com “excelen-te
receptividade das pessoas em geral”
e que têm tido sempre “a dupla função
de angariar fundos e de dar a conhecer
a nossa associação e a problemática au-tista”.
Ao longo dos últimos anos, são
os jantares de beneficência, as noites
de Fado, os arraiais, barraquinhas repre-sentativas
nas festas populares, entre
outros pretextos para chamar a atenção,
sensibilizar e, tanto quanto possível,
derrubar preconceitos que, nos tempos
que enfrentamos, não têm razão nem
sentido. O pensamento sustentável, na
lógica específica da cidadania activa,
tem mesmo de afinar por aqui.