
29
básica dos equídeos selvagens, e contribuir para alimentar as aves necrófagas,
através de placentas e cadáveres”. O compromisso com a maior biodiversida-de
possível implica, naturalmente, a regeneração de uma panóplia de plantas
florestais. “Há um histórico de práticas agrícolas inadequadas, grande parte da
área foi abandonada, criando condições favoráveis aos fogos. A floresta ficou
pobre. É forçoso encontrar um equilíbrio e desenvolver todo este potencial de
estrutura e diversidade. Criar fontes de matéria orgânica, regular a exposição ao
Sol, melhorar a retenção de água e o ciclo de nutrientes”. Água, sempre. Entre-tanto,
a introdução de herbívoros, especialmente os referidos Cavalos Garranos
e Vacas Maronesas, veio reduzir o risco de incêndio, pela diminuição da car-ga
combustível, e colmatar o problema da escassez de água. “Foram instalados
cocoons, uma solução tecnológica inovadora; no fundo, são caixas, reservató-rios,
de água. Usamos dois modelos de recipientes individuais, fornecidos pela
Land Life Company. Um modelo é construído a partir de plástico reutilizável,
incorporando um pavio que, depois de humedecido logo que a caixa está cheia,
transmite água à planta; o outro, de cartão biodegradável, é mais simples, pois
permite que o processo aconteça por osmose”. É bom saber que, nesta bela
aventura, a ATNatureza vem envolvendo a própria comunidade escolar, na cer-teza
de que, também em Figueira de Castelo Rodrigo, há uma vontade imensa
CA SUSTENTÁVEL
de passar um legado de cidadania responsável às ge-rações
futuras. “Abrem-se as portas da Reserva da
Faia Brava, com o intuito de alertar as consciências
para a importância e necessidade da conservação
da Natureza”, sublinha Vanda Brás. E aproveita para
nos explicar o que representa a Academia ATNatu-reza
– um programa educativo que pretende dar a
conhecer o património natural do Nordeste portu-guês,
constituindo um exemplo de conservação e
gestão de áreas naturais. Num cenário ditado pela
biodiversidade, após o crescimento das plantas, a
ATNatureza vai retirar os cercados – que actualmen-te
protegem as espécies que estão a crescer – e, por
fim, criar um banco de sementes. “Anteriormente,
houve um défice de florestamento. Por força, entre
outras causas, das alterações climáticas e da pobre-za
em matéria orgânica dos solos, todas as bolotas
em germinação tinham os dias contados”. Aqui, o
clima é seco e o Verão prolongado. Logo, as peque-nas
árvores dificilmente resistem à sede. Nada que
demova esta ONG. “Através dos cocoons, fomen-tando
a manutenção de água, esperamos transfor-mar
estes 120 mil hectares, no Vale do Côa, numa
paisagem em mosaico, trazendo de volta o sistema
agro-silvopastoril multifuncional, o conhecido e tra-dicional
montado”. Partilhando da mesma visão que
aponta para a compensação da pegada de carbono,
a empresa holandesa Wing decidiu cooperar com a
ATNatureza durante os próximos dois anos em ac-ções
de reflorestamento e sequestro de carbono.
Porque este tipo cooperação só faz bem. Muito bem.
E o Crédito Agrícola reconhece.