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DESTAQUE
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
tificação florestal. O que está em cima da
mesa é apoiar os proprietários florestais,
quer através de grupos de certificação,
quer através de uma plataforma tecno-lógica
(ForestSIM), que alia a inovação à
gestão mais tradicional da floresta. Ten-do
começado com quatro proprietários e
500 hectares, abrange actualmente mais
de 20 mil hectares, de mais de 400 pro-prietários,
com os quais trabalha para
garantir uma floresta saudável.
Seguiu-se a TESSELO, apresentada pela
directora de Desenvolvimento Sustentá-vel,
Marine Utgé-Royo. Trata-se de uma
empresa focada na inteligência espacial
para a sustentabilidade, criada para res-ponder
ao desafio do aumento da pres-são
sobre os recursos naturais. O que
faz, desde há três anos, é aproveitar o
potencial dos dados gratuitos para moni-torizar
os recursos naturais a grande es-cala,
de forma contínua e a longo prazo,
transformando os dados em informação
estratégica.
Por sua vez, a The Loop, dada a conhecer
pelo seu co-fundador Ricardo Morgado,
foi criada há cinco anos a partir da con-vicção
de que a economia circular veio
para ficar e não apenas por gerar pou-panças,
mas porque as pessoas querem
consumir de forma mais responsável. O
resultado foi a Book in Loop, plataforma
que já permitiu a reutilização de 300 mil
manuais escolares, e da Baby in Loop,
que resultou na reutilização de mais de
mil produtos de bebé. No total, cerca de
50 toneladas de CO2 poupadas. O próxi-mo
passo é o LOOPos, um sistema ope-rativo
da economia circular.
Finalmente, o júri teve oportunidade
de ouvir Daniel Murta, fundador da En-toGreen,
que aposta numa ferramenta
circular para o sector agro-alimentar.
Desenvolveu uma tecnologia com recur-so
a insectos, alimentados com desper-dícios
vegetais cedidos por produtores;
ao fim de alguns dias, as larvas conver-tem
os nutrientes presentes nesses des-perdícios
em fertilizante orgânico para o
solo e são essas mesmas larvas que, ricas
em proteína e gordura, servem de ali-mento
para animais (seja directamente,
seja processadas em farinha e óleo).
Foi este último projecto a vencer o
boost, o que lhe valeu cinco mil euros e
acesso a condições preferenciais em li-nhas
de financiamento. O que pesou na
decisão do júri foram o grau de inovação,
o potencial de mercado e a sustentabili-dade
inerente.
OLHAR O FUTURO
Inovação é, claramente, futuro e esse
futuro – da sociedade, das empresas e,
naturalmente, do sistema financeiro –
será, em boa parte, determinado pelos
que hoje são jovens. E, por isso mesmo,
o Crédito Agrícola quis ouvi-los: no CA
Innovation Studio, reuniu um painel
em que juntou, de um lado, Gil Penha,
investigador e docente da Faculdade
de Farmácia de Lisboa, e Catarina Fer-nandes
Alves, membro da plataforma
LIDERA, e, do outro, Ricardo Madeira,
director de Inovação e Digital, moey!, e
Sofia Santos, gestora de Sustentabili-dade.
Coube a Miguel J. Martins, do CA,
conduzir a conversa.
“O que esperam os jovens da banca?”
foi o repto que lançou e ao qual come-çou
por responder Gil Penha, afirman-do
que os jovens pretendem bancos
que permitam fazer quase tudo onli-ne,
daí a apetência pelas fintech, que
oferecem funcionalidades que a banca
tradicional não contempla. Além disso,
querem também saber onde está a ser
investido o seu dinheiro, o que tam-bém
não vêem esclarecido pela banca
convencional.
Já Catarina Fernandes Alves entende
que o sector financeiro é o que tem
mais potencial para gerar a mudança
que os jovens reclamam. E aqui as fin-tech
voltam a estar bem posicionadas,
pelas funcionalidades que proporcio-nam.
Os jovens querem ainda saber
como a sustentabilidade se reflecte no
modo como os bancos aplicam as suas
poupanças, isto é, querem uma banca
com propósito.
Ricardo Madeira reconheceu que a
banca sente a pressão dos Clientes
sobre a forma como o serviço é ofere-cido.
Muito por via da tecnologia, os
jovens, em particular, querem um ser-viço
conveniente, rápido e com custos
ajustados. E o CA – disse – percebeu
esta tendência e teve a capacidade
de agir rapidamente e de lançar uma
oferta que vai ao encontro destas
necessidades.
Por sua vez, Sofia Santos abordou a
necessidade de incluir os Clientes em-presariais
– em concreto as micro e as
pequenas e médias empresas – na mis-são
de sustentabilidade, passando a
mensagem de que o que está em causa
é a competitividade e o futuro. É preci-so
ver – advogou – como a carteira de
crédito está alinhada com actividades
ambientalmente sustentáveis, colocan-do
as perguntas certas às empresas e
ajudando-as nesse caminho.
Deste debate emergiu uma conclusão: os
jovens esperam da banca uma postura
proactiva, de mudança de mentalidades
e antecipação de tendências.