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ACTUALIDADE CA
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
COESÃO TERRITORIAL LEVADA À LETRA
“Não há valorização do Interior se não houver trabalho e, para haver trabalho, tem de haver investimento”.
Esta foi uma das mensagens que o pr esidente do Crédito Agrícola, Licínio Pina, deixou na sua intervenção
no debate sobre os desafios e modelos de coesão territorial, no âmbito do Smart Cities Tour 2020.
Trata-se de uma iniciativa da Asso-ciação
Nacional de Municípios Por-tugueses
(ANMP) e do NOVA Cidade
– Urban Analytics Lab, da NOVA Infor-mation
Management School (NOVA
IMS), cuja última sessão aconteceu
em Campo Maior, a 25 de Novembro.
Tendo como ponto de partida o facto
de, em Portugal, 70% da população
estar concentrada na faixa litoral do
território, governantes, empresários
e academia reuniram-se para discutir
estratégias de combate à desertifi-cação
do Interior e de promoção da
coesão territorial.
“Coesão territorial: ambição ou uto-pia?”
foi precisamente o tema sobre o
qual o presidente do Grupo foi cha-mado
a pronunciar-se, integrando
um painel composto igualmente pela
secretária de Estado da Valorização
do Interior, Isabel Ferreira; pelo presi-dente
do Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos,
Pedro Dominguinhos; pelo presiden-te
do Grupo Nabeiro - Delta Cafés,
Rui Nabeiro; e pelo Chief Sales Officer
B2B da Altice Portugal, Nuno Nunes.
Licínio Pina começou por atestar que,
num quadro em que se assistiu ao en-cerramento
massivo de Agências de
outros Bancos no Interior, o CA fez o
movimento inverso, detendo a maior
rede bancária do país, com mais de
640 Agências, de 76 Caixas Agrícolas.
A gestão desta rede coloca desafios
acrescidos, mas é conseguida “de for-ma
exemplar”, pois o Banco apoia-se
nas estruturas locais, valorizando as
dinâmicas das economias locais.
Exemplo disso é também o facto de
privilegiar os Institutos Politécnicos
para o recrutamento, face à neces-sidade
de renovação dos quadros.
Na sua opinião, é preciso que se
criem condições para que os pri-vados
invistam no Interior e criem
trabalho, mas deverá haver sempre
uma âncora pública: “Caso contrá-rio,
não é possível falar em coesão
territorial e as assimetrias continua-rão
a e xistir”, sustentou.
Essencial é igualmente – advogou – o
investimento ao nível das comunica-ções,
concretamente em fibra óptica,
que deve ser intensificada e distribuí-da
por todo o Interior. Desta forma –
e este foi um dos ensinamentos da
actual pandemia – é possível traba-lhar
para qualquer parte do mundo, a
partir de qualquer ponto do Interior:
“Desde que haja ligação 4G, conse-gue-
se criar centralidade”.