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ESPAÇO CLIENTE
REVISTA CRÉDITO AGRÍCOLA
essencialmente a agricultores do Nordeste do
País e do Alentejo, sendo o resto comprado a Es-panha
e aos Estados Unidos. Num ano normal, a
empresa importa uns 40 contentores e trabalha
um milhão de quilos de amêndoa nacional, mas,
graças ao investimento realizado em equipamen-to
ao longo do tempo, “é muito fácil” aumentar
o volume de negócio três ou quatro vezes, sendo
que, de momento, todas as linhas estão a 30%
da capacidade efectiva. “Neste âmbito, o ano
em curso é marcante, considerando a compra,
em 2019, da segunda britadeira, o que permite
partir entre 80 e 100 toneladas de amêndoa por
dia, e a aquisição, em 2020, de uma máquina que
faz a selecção óptica da amêndoa, já a pensar na
embalagem e, por conseguinte, no consumidor
final”, prossegue. De referir que, tal como a bri-tagem,
o processo seguinte pelo qual a amêndoa
passa, a despelagem, é totalmente automatizado,
com recurso a uma caldeira de biomassa (casca
da amêndoa), que produz o vapor necessário ao
processo. “Chegamos a produzir entre 1.500 a
2.000 kgs de miolo despelado/hora, mas temos
capacidade para ir até às 20 toneladas/dia, sen-do
que o nosso normal são 12 toneladas/dia”, diz.
O procedimento seguinte, igualmente automati-zado,
corresponde à transformação da amêndoa
nas variedades palitada, laminada, granulada e de
farinha com e sem pele.
A sustentabilidade esteve na base da criação da
marca “Fogo na Casca” para a biomassa que a fá-brica
produz, utiliza e, inclusivamente, vende, diz
Nuno Ferreira, frisando que a casca da amêndoa
é hoje uma das melhores biomassas disponíveis.
“Há estudos segundo os quais 2,8Kg de casca
equivalem a 1Kg de gás”, afirma, sublinhando a
economia de recursos que proporciona e o facto
de, “na amêndoa, tudo se transformar”. Com um
volume de negócios de cinco milhões de euros
em 2019, a Pabi – uma empresa com 12 colabo-radores
– espera 3,5 milhões de euros este ano,
já que a fábrica esteve durante algum tempo em
lay-off simplificado, parcial, devido à pandemia
da Covid-19. Mas as perspectivas de crescimento
são francamente boas. “Graças aos investimentos
que continuamos a fazer – aguardam a chegada
de mais três silos de stock no próximo ano –, se-remos
seguramente mais competitivos em 2021,
podendo chegar aos seis milhões de euros em
termos de volume de negócios”, conclui Nuno
Ferreira.
*Cliente da CCAM de Serra da Estrela
“Foi então que, cada vez mais convictos da impor-tância
da sustentabilidade, decidimos apresentar
um projecto ProDer, o que permitiu investir na
fase primária e comprar mais amêndoa local, pro-curando,
em simultâneo, dotar a empresa de uma
cadeia de valor interna para tratar o produto. Com
isso ganhámos bastante mercado e outra fonte de
matéria-prima. A empresa ficou também mais ali-cerçada,
uma vez que não dependia só da maté-ria-
prima proveniente de Espanha e dos Estados
Unidos”, explica.
A evolução do mercado foi, naturalmente, ao
encontro das novas necessidades de consumo,
tornando a amêndoa numa commodity com forte
presença nas pastelarias e hipermercados, fre-quentemente
na forma de transformado. “Procu-rámos,
então, que a Pabi fosse reconhecida como
fornecedora de amêndoa de qualidade e que,
mesmo não sendo amêndoa nacional, tivesse
sabor a Portugal, por via da transformação”, sub-linha.
E foi na prossecução deste objectivo que
todas as cadeias de valor da Pabi foram equipadas
com a mais moderna e eficiente tecnologia desti-nada
ao sector. “Hoje em dia, temos capacidade
instalada (duas britadeiras) que nos permite partir
10 milhões de quilos de amêndoa/ano”, declara
Nuno Ferreira, salvaguardando, todavia, que no
presente estão a partir dois milhões de quilos,
fruto das circunstâncias. Explica que, em 2020,
houve pouca amêndoa na região, em virtude de
o Nordeste estar mais sujeito às variações cli-máticas,
mas admite que o contexto geográfico
tem também as suas vantagens, salientando, por
exemplo, que a amêndoa biológica tem futuro na
região. “Este tipo de amêndoa é mais seguro e, de-vido
à altitude, dispensa muitos dos tratamentos
fito-sanitários habituais, o que abre caminho aos
agricultores que queiram evoluir para este merca-do
que está a ganhar dimensão”, refere. Acresce
que, não obstante a transformação e comerciali-zação
da amêndoa constituir o core business da
empresa, a Pabi, atenta ao crescimento e diver-sificação
do mercado de frutos secos, trabalha
também com miolo de noz, maioritariamente
proveniente do Chile, o maior produtor mundial.
“Este ano, devemos colocar no mercado 100 to-neladas
de miolo de noz”, afirma, adiantando que
aguardam a chegada de mais três contentores ain-da
este ano e de um quarto em Janeiro.
Quanto ao abastecimento de matéria-prima, Nu-no
Ferreira declara que a Pabi tem um eixo de
compras diversificado, em que o produto nacio-nal
representa cerca de 50% do total adquirido,